Existem ditados populares que chegam a ser irritantes de tão certeiros. É o caso do famoso “o barato sai caro”. Quantas vezes tentamos burlar essa regra pétrea e nos demos mal?
Quando a coisa envolve um prejuízo financeiro, vá lá. Mas, e se essa nossa obsessão pelo “baratinho” pôr em risco a própria saúde?
Esse risco pode se manifestar das formas mais insuspeitas. Por exemplo, quem imaginou que aquela bijuteria bonitinha comprada na 25 de Março poderia esconder um pepino sem tamanho?
“Agora você exagerou!”, pensou indignada a consumidora voraz de bijus, ofendida por colocarmos em questão a honra de seus queridos acessórios. Acontece que não tem exagero, já que muita coisa que circula por aí esconde um perigo real chamado cádmio.
“E como isso pode ser tão perigoso?”, é a pergunta perplexa seguinte. Bem, é para isso que estamos aqui. Vamos contar tudo sobre o cádmio e os riscos que esse metal traz para a saúde das pessoas. Então, não saia daí!
Produtos made in China
Antes de mais nada, é importante fazer uma reprise do momento em que o cádmio entrou no noticiário nacional.
Isso aconteceu em novembro de 2013, quando a Receita Federal encontrou no porto do Rio de Janeiro dois contêineres vindos da China carregados com 16 toneladas de bijuterias.
Como o valor declarado na nota não parecia corresponder ao volume de peças, os inspetores da PF resolveram pedir uma análise de algumas amostras. Com isso, descobriram que os produtos possuíam uma concentração muito elevada de cádmio, entre 32,6 % e 39,2%.
Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos o percentual de cádmio em bijuterias não pode passar de 0,03%. Na Europa, a concentração precisa ser ainda menor: 0,01%.
As peças que chegaram ao Brasil naquela oportunidade tinham, portanto, 4 mil vezes mais cádmio do que seria permitido na Europa. E a restrição existe por uma boa razão.
O que é cádmio?
O cádmio é um metal que vem como “bônus” na extração do zinco. Seu principal uso é na fabricação de pilhas e baterias de celulares, mas outros produtos levam cádmio na composição: cigarros, corantes, ligas metálicas e até embalagens plásticas para alimentos.
O problema do cádmio é que ele é quase tão tóxico quanto o mercúrio.
Quando descartado na natureza (e isso ocorre também pela queima de combustíveis fósseis), contamina o solo, os rios e entra na cadeia alimentar de animais e humanos. E, por ser um metal pesado, quando ingerido não é metabolizado. Ou seja, vai se acumulando no organismo da gente. Principalmente nos rins.
Além de poder causar reações bem desagradáveis, como náuseas, vômitos, dores abdominais e até perda de dentes, a exposição excessiva ao cádmio pode resultar em edema pulmonar, reumatismo, hipertensão e anemia, entre outros males.
Pode, inclusive, originar certos tipos de câncer.
Cádmio nas bijuterias
De aparência prateada e bastante resistente à corrosão, o cádmio pode ser empregado pela indústria de acessórios (semijoias e bijuterias).
Trata-se de uma alternativa mais barata, que reduz os custos de produção e permite que a mercadoria chegue ao consumidor por um preço muito mais baixo que o da concorrência — estratégia amplamente empregada pela indústria chinesa.
É a mesma lógica que faz com que muitos acessórios tenham níquel em sua composição, metal que reconhecidamente causa reações alérgicas nas pessoas.
Riscos para a saúde
Usar acessórios com alta concentração de cádmio é perigoso porque esse metal é absorvido pela pele.
Brincos são especialmente propícios à contaminação em razão da pressão que exercem, o que às vezes acarreta machucados, e pelo fato de a orelha possuir reentrâncias que facilitam o acúmulo do material.
Além disso, é comum enfeitarmos nossas crianças com bijuterias e mais comum ainda elas levarem essas coisas à boca, potencializando os riscos.
Naturalmente, não é o caso de abolir o uso de bijuterias. Porém, o episódio das 16 toneladas de mercadoria importadas da China e sua divulgação pelo Fantástico causaram justificado rebuliço.
Ainda mais porque, na ocasião, não havia nenhuma restrição ao cádmio no país — diferente do que já ocorria, por exemplo, nos Estados Unidos, que desde 2011 impõe a taxa de 0,03% para a presença do metal em bijuterias.
Por aqui, a normatização só chegou em fevereiro de 2016, quando o Inmetro baixou portaria regulamentando o uso de cádmio e chumbo em bijuterias e joias vendidas no Brasil, adotando percentual igual ao tolerado na Europa (0,01% — o nível permitido de chumbo ficou em 0,03%).
Além de proteger o meio ambiente do descarte inadequado do produto e, consequentemente, a saúde do consumidor, a medida visa coibir a concorrência desleal, visto que o uso do metal permite aos importados chegarem ao mercado por um preço muito abaixo do praticado pela indústria nacional.
Como prevenir
Apesar do avanço que a portaria do Inmetro representa, se não houver uma fiscalização eficiente ficará difícil prevenir a entrada de produtos de má qualidade no mercado popular dos grandes centros e, dali, seguir para as lojas de todo o país.
Sendo assim, a maneira mais segura de se prevenir contra os riscos do cádmio é tendo muito cuidado ao adquirir uma semijoia ou bijuteria.
Procure se assegurar de que o produto que deseja é de boa procedência, pesquisando sobre a reputação do vendedor e verificando se há informações a respeito da composição da peça (de que material é feita).
Existem sites confiáveis, que garantem a qualidade dos produtos comercializados (a Linda Bela é um deles).
E, mais importante de tudo, desconfie de ofertas que coloquem o preço muito abaixo em relação ao praticado pela média do mercado. É como dissemos no início: o barato sai caro. Se a semijoia ou biju está a preço de banana, existe uma chance muito grande de que seja feita com materiais de terceira — e isso inclui o antipático cádmio.
Com essas dicas simples você já consegue se orientar no nevoeiro das ofertas furadas. Porém, se quiser ficar ainda mais craque, recomendamos aprender como identificar um site de semijoias confiável. Confira!