Tudo começa com um leve incômodo na base da orelha, seguido de uma irritação persistente que torna quase impossível não levar a mão ao local e coçar. Essa ação resulta em vermelhidão, que no espelho é possível observar justo em volta daquele brinco que você mal acabou de estrear. Não há dúvida: a peça te causou uma bruta alergia.
Até bem pouco tempo atrás, sofrer com reações adversas ao uso de brincos era questão de predisposição e algum azar. Hoje em dia é mais simples de se prevenir, já que os fabricantes de acessórios de beleza responsáveis se atentaram para o problema e têm disponibilizado o que se convencionou chamar de brinco antialérgico.
A inovação é resultado de mudanças no processo de fabricação das peças, com a substituição de matérias-primas ordinárias por outras mais nobres, mas nem todo comerciante aderiu ao modelo. Muito provavelmente, a maioria das bijuterias em oferta nas feiras de bairro contém componentes alérgicos, em razão da procedência. Mas não somente elas.
Assim, embora tenhamos produtos no mercado capazes de afastar de vez o risco de sofrer com alergia a brinco, a existência de outros feitos no velho formato faz necessário saber reconhecer um brinco antialérgico de outro potencialmente prejudicial.
É justamente essa capacidade que pretendemos ajudá-la a aprimorar, por meio deste “guia de sobrevivência”. Afinal, nem todas nós sofremos com alergia, mas quem sofre sabe o tanto de aborrecimento que isso proporciona. Sem contar que, assim como ocorre com a lactose, a gente pode muito bem desenvolver intolerância a certos brincos.
Portanto, o melhor é não arriscar e descobrir, sem margem de dúvida, como reconhecer um bom brinco antialérgico. Então, continue conosco que já vamos contar tudinho.
Alergia a brinco: causas e sintomas
Afinal, por que um objeto aparentemente tão inofensivo quanto o brinco pode causar alergia? E por que algumas têm isso e outras não?
Bom, exatamente como ocorre com outras reações alérgicas, quando o organismo reage a algum agente considerado prejudicial, provocando em seu combate algum sintoma de irritação ou mal-estar, certos brincos (e não somente eles, mas anéis, pulseiras e colares) carregam em seu processo de fabricação elementos que o corpo considera nocivos. O principal deles é o níquel. Cromo e cobalto também, mas com muito menor incidência.
A Linda Bela não utiliza níquel em suas semijoias, falaremos sobre isso mais pra frente.
O fato de algumas pessoas serem mais suscetíveis a esses materiais do que outras não está muito claro. Para o primeiro grupo, sempre que o níquel se desprende da liga metálica e estabelece contato com a pele, dispara um alarme no sistema imunológico, que o trata como ameaça e aciona suas defesas, que são percebidas como aqueles sintomas que descrevemos lá no início: irritação, coceira, descamação e vermelhidão. O nome que se dá a isso é dermatite de contato.
A ação de coçar o local não ajuda em absoluto: a presença habitual de bactérias sob as unhas ou na pele pode resultar em infecção, o que causa feridas, sangramento, essas coisas. Portanto, aqui já vai uma dica de tratamento: não cutuque!
Níquel, o nosso vilão
Falemos um pouco mais sobre o grande vilão, o famoso níquel. O problema com ele é que é um elemento até simpático: tem bom aspecto, é bastante resistente e se dá bem com outros metais. Verdadeiro pau para toda obra, ele entra na composição de mais de 300 mil produtos, de eletrônicos a pilhas recarregáveis, passando por moedas, bijus e semijoias.
No mercado de acessórios o níquel é usado como “recheio” da liga metálica: ele recobre o latão e apara as arestas, dá mais durabilidade à peça e a deixa em excelentes condições para receber o banho final de metal nobre. Além disso, tem baixo custo de produção. Um campeão.
Só esqueceram de te avisar que o danado é tóxico — talvez até cancerígeno. Daí que muitas de nós adquiram intolerância a ele, ainda que nosso organismo esteja habituado a consumi-lo, seja em alimentos, seja na água (em doses moderadas, tudo bem. O diabo está, como sempre, no excesso).
Como evitar as alergias? Existe tratamento?
Se você é alérgica a níquel, não tem melhor forma de evitar o problema do que manter distância do metal. Ou seja, se o brinco causou alergia uma vez, já era: o jeito é dar-lhe um fim.
“Mas cansei de usar esse par e ele nunca deu ruim antes. Por que agora incomoda?”. Porque leva tempo até que o nosso organismo desenvolva os anticorpos necessários para combater o agente considerado persona non grata. Porém, uma vez que os tenha desenvolvido, toda vez que o inimigo aparecer, teremos dermatite de contato em cena.
Agora, se essa advertência chegou tarde e você está em pleno padecimento da reação alérgica, vai querer se livrar dela o quanto antes, correto? Talvez até já tenha solicitado conselho de uma amiga e tentado alguma solução caseira. Vá com calma.
Claro que, se a lesão não estiver tão feia, uma leve vermelhidão e coceira apenas, a remoção imediata do brinco, um pouco de assepsia e evitar friccionar o local deve dar conta do recado. Para garantir, uma visita à farmácia renderá uma indicação de pomada, provavelmente à base de corticoide, para tratar.
Entretanto, se a situação fugir um pouco ao controle, com o aparecimento de inflamação e dor aguda, não brinque: procure logo um dermatologista para lidar devidamente com a situação. Não se trata de exagero, mas de medida prudente que evitará um possível arrependimento futuro.
Aprenda a reconhecer um brinco antialérgico
A primeira providência para se estabelecer se um brinco é antialérgico ou não é fazer um exercício de eliminação: tire as bijus de seu horizonte (isso não te pertence mais!).
Não tem solução: bijuterias são, em sua maioria, produzidas na China, onde o níquel corre solto, sem regulamentação. A indústria de lá que abastece nossos mercadões segue a lógica da produção massiva e barata. Logo, tome níquel nos acessórios (inclusive, em proporção maior do que recomenda o bom senso).
Sobram-nos duas opções: as joias, à prova de qualquer alergia (salvo se você tiver uma raríssima — e bizarra — intolerância a ouro, por exemplo), e as semijoias, cujo método de fabricação inclui materiais de muito melhor procedência que as bijuterias.
Isso significa que os principais fabricantes de semijoias (a Linda Bela inclusa, claro!) baniram o níquel de sua linha de produção — preferindo, em seu lugar, o paládio como camada intermediária.
Só que nem todos seguem essa norma. E como não dá para perceber só olhando, ao adquirir suas semijoias pergunte à vendedora ou verifique se o produto possui certificação níquel free, que atesta a inexistência do metal alérgico em sua composição. Assim, você elimina as chances de cair em roubada.
4 opções de brincos antialérgicos:
1. Joias legítimas
Já mencionamos as joias legítimas como exemplos acabados de brincos antialérgicos. Elas são produzidas quase que integralmente com metal nobre — como ouro, prata e platina —, o que elimina a chance de haver impurezas em seu cerne. Claro que exclusividade custa caro e o preço de um par de brincos de ouro 18 quilates pode assustar.
2. Semijoias sem níquel
Outra possibilidade está nas também já citadas semijoias “níquel free” que, diferentemente das joias, são produzidas a partir de camadas de metais (a base, a intermediária e o banho final com ródio ou ouro). Por isso, são igualmente conhecidas como joias folheadas.
Vale reforçar que, para serem consideradas antialérgicas, precisam promover a substituição do níquel no miolo da peça por paládio, bronze ou cobre.
3. Aço cirúrgico
Além desses exemplos, temos o aço cirúrgico, popularmente utilizado na confecção de piercings (além de brincos, anéis e alianças) devido à resistência do material e brilho característico. Além disso, possui baixo teor de carbono e é obtido através de um processo de derretimento a vácuo, o que elimina agentes contaminantes na superfície do metal e garante ação antialérgica.
4. Prata
Por fim, temos a prata 925, também chamada de “prata de lei”. Esse selo indica que o metal possui 92,5% de pureza, o que garante sua qualidade. Há também a prata 950 (95% de pureza), cuja diferença da primeira se percebe pelo fato desta última tender a escurecer um pouco. Uma boa limpeza, entretanto, devolve-lhe facilmente o brilho.
Cuidado redobrado com crianças
Bebês mal abrem os olhinhos e já queremos pregar-lhes brincos nas orelhas. Ficam uma fofura! Porém, em razão da constituição delicada das pequeninas, é preciso redobrar os cuidados. Afinal, não queremos infligir-lhes sofrimento por conta de um acessório de má procedência.
Por isso, a melhor alternativa é garantir que o primeiro brinco de nossos bebês seja antialérgico. O brinco de ouro seria uma escolha natural, por se tratar de uma joia — e também por corresponder a uma tradição entre mamães e familiares. Entretanto, o material mais indicado ainda é o aço cirúrgico esterilizado. Se a criança foi presenteada com um delicado par de brincos de ouro, tudo bem: basta deixá-los para quando o furo na orelha estiver consolidado.
De qualquer maneira, o momento de se furar a orelha de uma criança merece ponderação. Não muito tempo antes, o procedimento ocorria antes de o bebê sair da maternidade. Hoje em dia, isso não ocorre, em razão do risco de infecção. A atribuição foi passada, então, para as farmácias. Entretanto, entre 2003 e 2009 vigorou uma portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibindo farmácias e drogarias de realizar a operação. A agência revogou a norma, mas muitos estabelecimentos preferem não oferecer o serviço.
Ainda assim, o farmacêutico, o pediatra, o enfermeiro ou mesmo o acupunturista estão habilitados a realizar o procedimento. Mas ainda temos a questão do momento mais adequado: alguns profissionais recomendam que se aguarde até os dois meses de idade para aplicar a perfuração, ocasião em que se ministram as primeiras vacinas. Mas não há consenso.
O melhor é aguardar até que o lóbulo esteja bem formado e com tamanho suficiente para possibilitar a operação. Depois que for feito, é preciso que seja cuidadosamente higienizado com solução de álcool 70% após o banho e que giremos o brinco uma vez ao dia, para que o objeto não cole na ferida nem cause inflamação. Isso deve ser repetido até que a cicatrização esteja concluída.
Afinal, é brinco hipoalergênico ou antialérgico?
Para finalizar, vamos elucidar uma confusão de nomenclatura: o certo é dizer brinco antialérgico (como fizemos até aqui) ou brinco hipoalergênico?
Na verdade, ambos os adjetivos podem ser empregados, porém correspondem a momentos distintos. Por exemplo, caso você tenha teimado em ignorar as recomendações dadas até aqui, caído na besteira de usar um brinco recheado de níquel e está coçando a orelha furiosamente, terá fatalmente que recorrer a uma farmácia para adquirir algum produto antialérgico.
O termo, portanto, se refere ao fato de que a reação alérgica já está em curso. Por extensão, produto antialérgico é aquele que combate a alergia.
Por outro lado, objetos hipoalergênicos são usados para prevenir alergias, como a dermatite de contato. Sendo assim, um brinco níquel free será mais precisamente descrito como sendo hipoalergênico.
“Então, por que diabos estamos até agora usando a expressão ‘antialérgico’?”. Por uma, digamos assim, licença poética do mercado. Convenhamos, é de entendimento muito mais simples falar brinco antialérgico do que hipoalergênico, correto? A consumidora capta a ideia de pronto, sem que seja necessário se alongar em explicações e conceitos.
Assim, por uma questão de clareza, a indústria de semijoias utiliza o termo autoexplicativo. E a gente, claro, perdoa o deslize semântico, em favor de uma compreensão direta do que seja brinco antialérgico.
No fim das contas, o importante é estarmos livres de substâncias alergênicas (“alergizantes”, se você quiser sinônimo mais incomum) e a salvo de uma vez de coceiras e inflamações. Nossas pobres orelhinhas agradecem!
Esperamos que você tenha captado a mensagem e esteja, de uma vez por todas, imunizada contra semijoias de procedência duvidosa.
Só para garantir, vamos dar o mapa da mina: acesse a seção de brincos loja virtual da Linda Bela, o nosso espaço na web livre de níquel e abarrotado de produtos da melhor qualidade. Design, sofisticação, preço e garantia: está tudo ali, é só aproveitar!
Artigo publicado originalmente em novembro de 2017 e atualizado em fevereiro de 2021 pela equipe da Linda Bela.