Anualmente, milhões de fiéis visitam o Santuário Nacional, na cidade de Aparecida, interior de São Paulo, com o objetivo de ver a imagem da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a quem a basílica é consagrada. Os motivos que levam tanta gente até lá são variados: demonstrar devoção, cumprir promessas, agradecer as graças recebidas ou buscar um milagre.
Pela definição da Igreja Católica, milagres são intercessões de Deus na vida das pessoas, muitas das quais intermediadas pelo próprio Jesus Cristo, pelos santos e, muito frequentemente, pela Virgem Maria.
Milagres são frutos da fé e representam, em geral, o recurso derradeiro diante de um problema insolúvel: uma doença fatal, uma deficiência do corpo ou da mente, um mal para o qual a medicina não oferece solução.
Existem situações mais prosaicas em que, segundo a tradição cristã, ocorreu um milagre. De qualquer maneira, quando o impossível ou o sobrenatural acontece, o crente não tem dúvidas: está diante de um milagre.
E Nossa Senhora Aparecida, cuja imagem foi resgatada da lama do rio Paraíba do Sul, no início do século 18, pela rede de pescadores de má sorte, operou seu primeiro milagre tão logo chegou à superfície: reunidas as duas partes da imagem, os peixes começaram a surgir.
As circunstâncias de sua descoberta, o mito em torno da santa negra descoberta nos fundões do país, sua inevitável associação com o Brasil e, posteriormente, o templo erguido em sua homenagem, consagrado pelo Papa em 1930, fazem de Nossa Senhora Aparecida um marco de devoção, que aumenta na medida em que feitos a ela atribuídos caem na boca do povo.
Alguns desses primeiros milagres já se tornaram populares. Em 1748, um clérigo chamado Francisco compilou uma série deles enquanto servia na igreja que antecedeu à Basílica de Aparecida. É sobre alguns desses milagres de Nossa Senhora que vamos falar no post de hoje. Acompanhe:
Velas milagrosas
Como havíamos comentado, nem todo milagre está relacionado a uma graça por alguém alcançada; ele pode muito bem provir de um fato extraordinário. É o caso desse milagre atribuído a Nossa Senhora Aparecida: ocorrido, aparentemente, em 1733, ele fala de velas postas sobre o altar da santa que acendiam sozinhas.
Caem as correntes
A população afrodescendente tem uma ligação profunda com a Padroeira do Brasil. Não poderia ser diferente. Ainda mais à luz desse milagre de Nossa Senhora ocorrido em pleno período da escravidão, que vigorou no país durante penosos 353 anos.
Conta a tradição que um escravizado recapturado após uma tentativa malsucedida de fuga, de nome Zacarias, ia sendo transportado a ferros de volta à fazenda de origem. Quando a comitiva passou diante da capelinha construída para abrigar a imagem de Nossa Senhora, o cativo pediu permissão para rezar aos pés da santa, o que lhe foi concedido.
Para espanto geral, enquanto ele rezava, as correntes que lhe prendiam os pulsos e tornozelos se partiram. Diante do milagre inequívoco, o devoto Zacarias teve a sua liberdade concedida.
O cavaleiro descrente
Nenhum evento é mais milagroso do que aquele que convence o cético. Pois foi o que ocorreu a um indivíduo que cruzava Aparecida, com destino a Minas Gerais. O lugar já era um centro de peregrinação, o que intrigou o dito cavaleiro. Para ele, os romeiros não passavam de um amontoado de gente iludida.
Com o objetivo de dar uma lição àqueles simplórios, o viajante tentou meter-se com cavalo e tudo no interior do santuário de Nossa Senhora. Mas o agressor não foi muito longe: a pata do animal prendeu-se em uma pedra e ambos, cavalo e cavaleiro, foram ao chão.
Percebendo tratar-se de uma punição por sua arrogância, o viajante pediu desculpas aos fiéis e se prostrou humildemente diante de Nossa Senhora Aparecida, de quem passou a ser devoto a partir de então.
A menina cega
Esse é o tipo de milagre de Nossa Senhora que aquece o coração dos mais devotos. Diz-se que uma criança, cega desde a infância, nutria o desejo de conhecer a Basílica de Aparecida. Porém, a família morava em Jaboticabal, cidade paulista distante 482 quilômetros de Aparecida. Não era uma jornada fácil.
Mesmo com sacrifício, a mãe conseguiu levar a menina até lá. E qual não deve ter sido o seu espanto quando, ao iniciar a subida das famosas escadarias do templo, a garota exclamou: “Que igreja mais linda!”. Sim, ela estava VENDO a igreja de Nossa Senhora! Esse relato é um dos milhões que a Sala dos Milagres da basílica abriga — e um dos mais famosos.
O menino no rio
Outro milagre envolvendo uma criança: certa vez, pai e filho saíram para pescar. Não era um dia muito propício, pois o rio estava mais agitado do que de hábito. De tanto que a canoa chacoalhava, o garoto caiu na água. O problema é que ele não sabia nadar e, ainda que soubesse, a correnteza não dava trégua e logo o arrastou para longe da embarcação.
Ao apavorado pai só restou rezar, e rezar muito, para Nossa Senhora Aparecida. Em atenção às suas súplicas, o garoto repentinamente parou de ser puxado pela força das águas, como se algo o detivesse. A correnteza também amainou, o que permitiu ao homem aflito resgatar o filho são e salvo.
O caçador e a onça
Ver-se à mercê de uma fera faminta testa a fé de qualquer um. A historiografia da Santa Aparecida conta o caso de um homem que, voltando de uma caçada frustrada, deu de cara com uma assustadora onça. Ele apontou-lhe a espingarda, puxou o gatilho e… nada, não havia mais munição.
E não tinha para onde correr. Diante do que parecia ser o fim certo, o devoto de Nossa Senhora fez a única coisa possível: ajoelhou-se e rezou. Milagrosamente, o felino deu meia-volta e sumiu na mata. É de se imaginar que, lívido de susto, o homem tenha agradecido à santa com a maior efusividade possível.
Por conta de relatos assim que, diariamente, levas de peregrinos seguem até Aparecida, na esperança de protagonizar um dos milagres de Nossa Senhora. Você mesma pode estar agora elevando o pensamento até Ela, em busca de um favor especial. A gente, aqui, fica na torcida para que essa graça seja alcançada. Caso isso já tenha acontecido, não esqueça de agradecer, ok?
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