Quais são os dez mandamentos da lei de Deus?

Quais são os dez mandamentos da lei de Deus?

Qualquer pessoa que tenha nascido neste hemisfério e não tenha estado ausente do planeta nos últimos 2 mil anos já ouviu falar sobre os dez mandamentos.

Diz a tradição que Moisés, o profeta hebreu nascido entre faraós, subiu o Monte Sinai e recebeu as tábuas com as leis diretamente de Deus. Esse conjunto de regras de conduta e adoração forma o alicerce das duas principais religiões monoteístas praticadas no Ocidente, o Cristianismo e o Judaísmo.

A Bíblia conta que a primeira versão da tábua dos dez mandamentos foi destruída por Moisés, ao descobrir que os israelitas haviam confeccionado um bezerro de ouro para cultuar. Mais tarde, Deus providenciou um segundo compilado das leis.

Entre uma e outra versão ocorreram mudanças. Da mesma forma, a tradição judaica e a cristã organizam e interpretam de maneiras distintas os mandamentos. No post de hoje, vamos analisar a forma como as leis se popularizaram entre os adeptos do catolicismo — que é, provavelmente, a forma como você as conhece.

Essa definição das leis mosaicas compõe o catecismo da Igreja Católica e a observância de seus preceitos morais e religiosos é considerada requisito para os praticantes dessa fé. Por isso, vamos analisar, um a um, os dez mandamentos.

1. Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas

A principal preocupação de Moisés era estabelecer o culto a um só Deus. Assim, boa parte dos mandamentos refere-se a essa premissa, que é expressa justamente no primeiro deles: colocar Deus acima de tudo. A história do bezerro de ouro reforça essa questão, ao relatar a ira do profeta ao descobrir que seus seguidores escorregavam ao politeísmo.

2. Não usar o santo nome de Deus em vão

Dentre os mandamentos relacionados à prática religiosa, o segundo figura, seguramente, entre os menos observados pelos fiéis. Nada é mais comum do que a pessoa soltar um “Deus me livre!” ao menor sobressalto.

A norma, porém, orienta o cristão a não banalizar a autoridade divina nem usar o nome de Deus como fiador de ações levianas. Um “juro por Deus” para avalizar questões comezinhas, por exemplo. O correto é que a invocação do Pai seja feita em um contexto de respeito e adoração, não de forma leviana.

3. Santificar os domingos e festas de guarda

A tradição judaica relaciona esse mandamento à observância do Sabá, em referência ao sétimo dia da Criação, quando Deus se deu por satisfeito de Sua obra e resolveu descansar. Esse dia também é o marco da libertação do povo de Israel (por obra de Moisés, vale lembrar).

O catolicismo, porém, decidiu santificar o domingo para destacar que foi nesse dia que Jesus ressuscitou. Daí o motivo pelo qual as missas são eventos dominicais. Já as festas de guarda são as celebrações do calendário litúrgico. Entre elas, temos o Natal, o Dia de Reis, o Corpus Christi e o Dia de Todos os Santos (que é precedido pela festa de Halloween).

4. Honrar pai e mãe

Trata-se do primeiro preceito moral desta lista e estabelece a família como unidade básica da vida. Ele também está na origem da educação que se procura dar aos filhos, como forma de prepará-los para o convívio em sociedade, devendo sempre o jovem tratar com deferência os pais e os mais velhos.

Há muita discussão hoje em dia a respeito do tipo de união que pode configurar uma família. A maneira como ela deve se constituir, porém, não muda: deve ser uma relação baseada no amor e no respeito, na proteção e no carinho.

5. Não matarás

Esse mandamento, de certa forma, reformou o artigo mais famoso do Código de Hamurábi, que prescrevia a vingança (“olho por olho”) como retribuição ao agravo sofrido. Com o tempo, o conceito sofisticou-se com o objetivo de evitar que se cometessem outras violências, físicas ou não, a outros ou à própria pessoa.

Representa, também, uma maneira de disciplinar um povo ainda acostumado a velhos códigos de conduta, já incompatíveis com aqueles tempos bíblicos. Mais a frente, Cristo daria um passo adiante a esse mandamento, ao recomendar que se desse a outra face ao agressor.

6. Guardar castidade nas palavras e nas obras

Em tempos de hiperexposição em redes sociais, faz-se propaganda de tudo — inclusive das boas ações. Isso acaba deixando uma margem de dúvida: o autor da benfeitoria a fez por caridade ou para promover-se?

Num exemplo de atualidade dos mandamentos legados a Moisés, há um alerta à discrição. E não somente no que diz respeito às obras, mas também àquilo que se diz. Pensar duas vezes antes de abrir a boca é, de fato, um bom conselho.

7. Não furtarás

Mais um preceito moral de aplicação prática no dia a dia da comunidade. Moisés estava não apenas estabelecendo as bases da crença no Deus único como criando uma legislação para seu povo. E nada pode causar mais desordem do que as pessoas não saberem respeitar a propriedade alheia. As cadeias lotadas de hoje são exemplos de quanta dor de cabeça isso dá.

8. Não levantar falso testemunho

Uma cena comum aos filmes de tribunais é aquela da testemunha que é orientada a jurar sobre a Bíblia “dizer toda a verdade, nada mais que a verdade”.

Trata-se de um eco desse oitavo mandamento, que condena a mentira e, por extensão, o falso testemunho (e também a calúnia e a difamação, dois delitos inseridos em nosso Código Penal).

O apreço à verdade não apenas demonstra retidão moral, como um valor importante para o convívio em sociedade. Como diz o dito popular: “A mentira tem pernas curtas”.

9. Guardar castidade nos pensamentos e desejos

Falando ainda em imagens conhecidas, temos aquela alegoria do diabinho que fica na orelha da pessoa, instigando-a a cometer algum deslize.

Nesse caso específico, o deslize tem um caráter sensual e pode ser entendido como um chamado à razão, no sentido de não nos entregarmos a desejos pueris, sem levar em conta as consequências desses atos.

Também podemos considerar um importante mandamento a se observar nas relações conjugais. Se pactuamos uma vida a dois regulada por parâmetros de cumplicidade e fidelidade, convém que nos afastemos de determinadas tentações, não é verdade?

10. Não cobiçar as coisas alheias

Antigamente esse mandamento era entendido como “não cobiçarás a mulher do próximo”. Refletia a organização da sociedade patriarcal daqueles tempos, cuja influência ainda se vê nos dias atuais e que entendia a mulher como uma propriedade de seu marido.

Felizmente, as coisas melhoraram (um pouco) nesse campo da relação entre os sexos, e essa revisão do décimo mandamento não deixa de ser um indicativo importante dessa mudança. No que tange às coisas (e nós não nos incluímos nessa categoria), é um traço de civilidade saber respeitar o que pertence ao outro.

Traduzido dessa forma, a regra também dialoga com o sétimo mandamento e regulamenta as relações cotidianas, cuja principal premissa está no respeito ao próximo e ao espaço que cabe a cada um nesse mecanismo delicado que é a vida em sociedade. É disso que trata, em maior ou menor grau, os dez mandamentos.

Já tinha pensado como esse conjunto de regras de conduta, compilados há tanto tempo e dignificados pela crença cristã, é necessário para a condução de nossa vida? Não apenas no aspecto espiritual, mas nas questões do dia a dia. Por isso, é tão importante observar.

Falando em observar, e para não dizer que não falamos de flores, que tal exercer o livre arbítrio e dar uma olhadinha no que há de novo na seção de semijoias místicas e religiosas da Linda Bela? Pode crer que será um excelente arremate a esse nosso papo espiritual. Então, aproveite!