Em uma recente visita a Istambul, a bela metrópole turca, seus olhos atentos perceberam que não apenas as mesquitas eram magníficas, os outdoors incompreensíveis, como um objeto familiar estava por todo lado: o olho grego.
Claro que ninguém precisa viajar até onde a Ásia e a Europa se tocam para encontrar o símbolo, um dos mais conhecidos amuletos que existe. Experimente dar uma voltinha pela feira de artesanato da sua cidade e me diga se não encontrou dúzias de círculos azul-cobalto em oferta nas barracas.
Pois é, o olho grego tudo vê. Gente o imprime na pele, usa-o pendurado em brincos, colares e pulseiras, estampado em camisetas, em gravuras, coloca-o para vigiar suas portas.
Afinal, por que esse objeto é tão popular? De onde veio e o que ele significa?
Se você, como eu, está mortinha de curiosidade em saber tudo sobre o olho turco (ué, não era grego?!), não se preocupe: é só continuar conosco que já vamos desvendar esse mistério. Então, senta que aí vem história!
Xô, mau-olhado!
O olho grego — também chamado de olho turco, nazar bancugu, olho do Oriente, olho místico ou olho do mal — é um amuleto criado com o objetivo de combater uma ameaça cuja crença é antiga: o mau-olhado.
Não é fácil localizar a origem dessa superstição, pois há referências a ela em diversas culturas milenares e o tema já foi motivo de estudo de diversos pensadores.
Uma das lendas mais citadas para explicar a origem do olho grego fala de um sujeito cujo olhar “carregado” foi capaz de rachar uma pedra que nem uma dúzia (ou cem ou mil — o número varia a cada vez que a história é contada) de homens pôde quebrar.
Em razão do temor que o mau-olhado (hoje em dia mais conhecido como “olho gordo”) inspirava, foi criado um amuleto — o olho grego. Assim, tornou-se corrente presentear recém-nascidos com uma conta de vidro azul em forma de olho, que era colocada entre as roupas do bebê para protegê-lo da maldição.
Com o passar do tempo, o objeto ganhou conotações extras, mas sempre relacionadas ao seu propósito inicial: purificação, boa sorte, proteção, paz e etc.
Olho grego, turco, nazar…
Assim como o mal ao qual se propõe rechaçar, o olho grego é um objeto de passado remotíssimo.
Sua representação mais antiga data de 3.300 a.C. Escavações arqueológicas na cidade de Tell Brak, ancestral cidade da Mesopotâmia (atual Síria), desenterraram o que indicam ser ídolos de formato abstrato talhados em alabastro, cuja característica mais evidente são os olhos pronunciados.
O formato mais parecido com o atual, porém, remonta a 1.500 a.C. e surgiu entre os povos do Mediterrâneo. Uma possível referência, apontam os pesquisadores, são os pendentes representando o olho de Horus encontrados em escavações no Egito.
Para produzi-los, os egípcios usavam uma mistura de argila acetinada típica da região, rica em óxidos de cobre e cobalto, que assumia a cor azul quando aquecida durante o processo de vitrificação.
Antigas tribos turcas provavelmente tiveram contato com esse amuleto e se encantaram com a cor, que associavam ao seu deus do céu, Tengri, e passaram a fabricar contas de vidro em forma de olho usando o mesmo processo dos egípcios.
O objeto se popularizou na região, sendo adotado por fenícios, gregos, assírios e romanos. Com o comércio e a expansão dos impérios, ele foi ganhando o mundo.
Durante um tempo, ficou associado ao culto do Islã, mas acabou adotado por outras religiões (um exemplo é seu uso combinado com a Hamsá, a popular Mão de Fátima, cultuada tanto por judeus quanto muçulmanos) e atualmente tem um apelo mais esotérico.
Um amuleto popular
Não é de hoje que o olho turco goza de considerável popularidade. Trata-se de um símbolo perene, que atravessou gerações sem jamais cair no esquecimento.
Isso se deve, naturalmente, ao medo ancestral do Homem de que intenções malignas possam ser direcionadas contra ele, trazendo má sorte e infortúnio.
Também contribui o aspecto agradável do símbolo, em forma de círculo, um externo e mais largo em azul-cobalto, depois branco, azul bebê e preto, representando a íris de um olho.
Mas é fundamentalmente em razão da conotação esotérica que ele se tornou um artigo tão presente em barracas de artesanato.
E não é somente em contas de vidro que o objeto aparece: é tema de inúmeras tatuagens e objetos decorativos, como relógios de parede, mandalas, tapetes, vasos e quadros.
Olho grego como acessório
Em virtude da estética e, principalmente, do poder que se atribui a ele, o olho grego ganhou fôlego nos últimos anos como um apreciado acessório de beleza.
Faz sentido. Afinal, estamos falando de um amuleto da sorte, o qual precisa estar junto ao corpo para proteger o seu usuário. Com isso, surgiram joias e semijoias com o simpático círculo azul como tema.
Brincos, anéis, colares e pulseiras são decorados com esse motivo hoje em dia. São peças bonitas, cujo design permite harmonizar com diferentes looks, e certamente ganham adeptas mesmo entre aquelas que desconhecem o sentido do objeto.
É uma maneira válida de usá-lo? De certo modo, sim. Não é provável que alguém a acuse de apropriação cultural pelo simples fato de ostentar um símbolo que tem um caráter tão universal.
No entanto, é muito melhor exibir o seu querido olho grego (turco ou nazar) sabendo perfeitamente para que ele serve e de que maneira chegou até você. Dessa forma, podemos confiar que o amuleto cumprirá a sua função, deixando-nos imunes àqueles olhares carregados de inveja que, volta e meia, lançam sobre a gente.
Agora que você já está craque na história e significado do olho grego, que tal encontrá-lo, junto com mais alguns amuletos poderosos (em todos os sentidos), na seção de semijoias místicas da Linda Bela? Depois de adquirir uma lindeza dessas, a sua sorte vai mudar, pode apostar!