Talvez o ícone religioso mais conhecido do Ocidente, o símbolo da cruz se imiscuiu na cultura popular e, em consequência, na moda, caminhando sempre no limite entre o sagrado e o profano.
O que pouca gente se pergunta é o que realmente ele representa. Claro que todos conhecemos a sua relação com a chamada Paixão de Cristo. Mas a cruz aparece em diferentes contextos na história da Humanidade — alguns controversos, inclusive.
Por isso, nada mais justo do que esclarecer, de uma vez por todas, qual o significado do símbolo da cruz. Se você também não aguenta mais ficar nesse suspense, continue conosco nesta jornada de conhecimento.
O símbolo da cruz na história
Praticamente ninguém que tenha habitado o lado ocidental do globo no último milênio ignora o que seja uma cruz. É, na realidade, uma representação muito simples, formada pelo cruzamento de duas linhas, sendo que a que forma a base, na vertical, costuma ser maior que a horizontal, postada próxima ao topo da primeira.
É, com efeito, uma representação clássica. No entanto, a cruz não se resume a esse único feitio. Nem o seu popular formato é o mais antigo. Religiões anteriores ao catolicismo já cultuavam-na.
Um exemplo está nos egípcios, que pontuavam seus rituais com a Ansata, ou Ankh (ou, ainda, cruz egípcia). Com uma espécie de alça em seu topo, acabou posteriormente adotada por cultos místicos, como a Wicca.
Provavelmente, a “mãe” da cruz católica é a cruz grega, esta uma reminiscência de cruzes mais antigas, encontradas na região central da Ásia, onde havia o culto do povo altai conhecido como tengriismo. Desta, os gregos e romanos emprestaram uma cruz em forma de sinal de adição, utilizada na Idade Média como referência na construção de catedrais.
Vale mencionar ainda a svastika, ou cruz gamada, símbolo cuja origem data de pelo menos 5 mil anos. Conhecida pelos povos mesopotâmios, pelos maias da América Central e pelos navajos da América do Norte, é até hoje usado pelos hindus como sinal de boa sorte. Infelizmente, sua associação mais popular é com o Nazismo. Em 1920, ela foi adotada pelo partido de Adolf Hitler como emblema oficial.
Temos também a cruz em chamas dos grupos supremacistas norte-americanos, notadamente a infame Ku Kux Klan.
O significado da cruz para os cristãos
O culto cristão da cruz levou-a a frequentar altares de igrejas, lápides de cemitérios, escudos de templários, bandeiras de nações e brasões de família. Também se tornou sinal de refúgio e auxílio de civis em tempos de guerra, na forma da Cruz Vermelha.
Além disso, é expressa como sinal de respeito e escudo contra o Mal. Na verdade, vive na boca do povo: ao menor motivo de espanto, ouvimos um “cruz-credo!”, entre outras expressões do gênero.
Sua faceta mais sagrada, porém, encontra eco na figura de Cristo. Nesse contexto, a associação mais evidente é com o sofrimento do messias cristão, expresso pela crucificação em Jerusalém, na Páscoa de 33 d.C.
Mas também significa redenção, uma vez que, na tradição católica, Jesus se sacrificou na cruz para redimir os pecados da Humanidade. É, desse modo, um símbolo de esperança e renovação.
De certo modo, Cristo também redimiu o próprio objeto que o matou (em tese, se acreditarmos na Ressurreição), uma vez que, antes disso, a cruz tinha como único propósito supliciar os inimigos de Roma. Era, portanto, um instrumento de tortura (dos mais atrozes).
Na verdade, a prática de pregar pessoas sob duas traves de madeira não era exclusiva dos servidores de César. Os romanos, vale destacar, nem eram muito adeptos dessa prática, utilizando-a de modo pontual para castigar escravos e agitadores (caso de Jesus). Há até quem conteste a afirmação de que Cristo tenha, efetivamente, sido crucificado.
No entanto, povos mais antigos, como os persas e os macedônios, promoviam crucificações em massa para pacificar os povos que subjugavam. Não devia ser uma imagem muito agradável de se ver, afinal.
A cruz na moda
Independentemente do significado, como não poderia deixar de ser, a cruz foi parar no mundo fashion. Antes disso, naturalmente, era tão somente um modelo de adoração, um pingente usado pelos devotos como indicativo da fé.
Mas bastou gente como Madonna começar a brincar com o objeto, conferindo certo profanismo ao seu uso, que a moda, literalmente, pegou. Aí vieram as grifes com peças ousadas, as camisetas estampando o símbolo (hoje em dia, são popularíssimos aqueles modelos em que a palavra “fé” é estilizada na forma de cruz) e os pingentes supertransados.
Ou seja, ninguém precisa ser devota para usar uma cruz, seja pendendo de um colar, brincos na orelha, em pulseiras, anéis, entre vários outros usos (tatuagens, por exemplo).
Sacrilégio? Depende do ponto de vista. Se considerarmos toda a história do símbolo da cruz, uma pequena parte dela descrita acima, podemos entender que esse objeto pode assumir significados diversos: sinal de devoção, símbolo de proteção, objeto místico ou acessório de moda. Ou tudo junto! Vai do seu astral e da “boniteza” do objeto. Ou seja, como você o usa é problema seu, oras!
Dado esse recado, não podemos pingar o ponto final antes de convidá-la a dar uma passada na seção de semijoias religiosas da Linda Bela. Sacrilégio mesmo é não conhecer a maravilhas que tem ali!