Embora a gente viva em um país majoritariamente cristão (mas constitucionalmente laico, é importante frisar), está careca de saber que há uma profusão de símbolos religiosos estranhos a essa tradição em circulação por aí.
Isso é uma boa notícia, considerando o tanto de conflitos ocasionados por divergências doutrinárias que ocorrem mundo afora. O que não significa que o Brasil seja um paraíso de tolerância, mas a prática diária mostra que muita gente exibe seus talismãs sem que ninguém lhe encha (muito) a paciência por isso.
Acreditamos que se pode dar certo crédito à moda e à cultura pop em geral por isso. Não é de hoje que símbolos religiosos são incorporados às artes e movimentos populares, viram souvenirs, temas de desfiles de passarela, enfim, perdem um pouco da sua carga espiritual, mas ganham universalidade.
Aí, acaba que pessoas mais liberais adotam-nos, mesmo que estes não tenham relação com a herança religiosa delas, e isso não causa mais escândalo a ninguém.
Sem contar que, como já discutimos no blog, o brasileiro é chegado numa mandinga. Mas a ideia do post de hoje não é revisitar a tradição dos amuletos da sorte, e sim falar sobre os símbolos caros ao Cristianismo e outros objetos menos conhecidos, mas igualmente importantes para as doutrinas de que tiveram origem.
Portanto, o que faremos será um passeio pela simbologia das principais religiões mundiais. Da indefectível cruz católica ao dualístico círculo do Yin-Yang, separamos oito representações do que há de mais sagrado para diferentes culturas. Confira.
1. Cruz (Cristianismo)
Comecemos pelo trivial: a tradição ocidental está repleta de representações da cruz, certamente o símbolo mais conhecido dentre todos desta lista. Trata-se de um conceito simples em sua essência (uma junção de duas linhas perpendiculares), mas carregado de significado espiritual.
A cruz simboliza o martírio de Cristo e também sua vitória sobre a morte (segundo creem os fiéis). Tornou-se, assim, um objeto de devoção e um amuleto de proteção, com presença garantida em quase todos os lares brasileiros.
É comum as pessoas levarem-na no pescoço, sob a forma de terços e crucifixos, muitas vezes com a devida benção do padre para potencializar suas propriedades milagrosas. Como objeto da moda, aparece também em camisetas, tatuagens, pulseiras e colares.
2. Peixe (Cristianismo)
O peixe é o segundo representante da iconografia cristã desta lista. E também remonta aos primórdios dessa religião, quando os discípulos de Cristo eram perseguidos e punidos por sua fé.
Para evitar serem identificados pelas autoridades, mas querendo ser reconhecidos entre seus iguais, os primeiros cristãos adotaram o desenho de duas linhas curvas se cruzando na forma de um peixe.
Não era uma escolha aleatória, mas uma forma de indicar o acrônimo “Ichthys”, cujas iniciais formam a sentença “Iēsous Christos Theou Yios Sōtēr” — ou seja, “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”.
3. Crescente e estrela (Islamismo)
Religião que mais se populariza no mundo — e também a que mais sofre resistência no mundo ocidental, em razão do uso que dela fazem grupos extremistas; na verdade, uma leitura distorcida dessa doutrina —, o Islamismo exerce grande influência sobre a cultura mundial, nas artes, nas ciências e nos costumes.
Seu principal elemento de identificação é o conjunto com a lua crescente e a estrela. Herança do império otomano e presente nos símbolos nacionais da Tunísia, Turquia e Paquistão, o símbolo significa renovação. Isso porque os povos muçulmanos seguem o calendário lunar, que inicia os meses sempre na lua em forma de foice.
Para os fiéis, o crescente a estrela estão relacionados aos cinco pilares da religião de Maomé: fé, oração, caridade, jejum e peregrinação.
4. Estrela de Davi (Judaísmo)
O Judaísmo é a religião monoteísta (acredita em um só deus) mais antiga que existe. Sua história é marcada por grandes acontecimentos e gigantescas tragédias. Atualmente, a maior parte dos judeus vive em Israel e nos Estados Unidos, mas há comunidades judaicas espalhadas em todo o mundo — incluindo o Brasil, naturalmente.
A Estrela de Davi — que também estampa a bandeira israelense — não é, entretanto, símbolo exclusivo dos judeus. Mas é o que está mais associado à sua religião.
Formado por um hexagrama, ele representa a união entre o Céu e a Terra, e é entendido como um sinal de proteção. Esse conceito vem do nome em hebraico, “Magen Davi”, que significa “Escudo de Davi”.
5. Menorá (Judaísmo)
Menorá (ou Menorah) é outro popular símbolo do Judaísmo. Constituído por três hastes simetricamente alinhadas em forma de U, compondo um conjunto de sete braços, a Menorá é interpretada como a luz da Torá, o livro sagrado do Judaísmo.
Seu formato representa a Árvore da Vida e indica o 7, um número carregado de significados para os judeus (o sétimo dia da semana, os sete níveis do Céu, etc.).
6. Om (Hinduísmo)
Símbolo semelhante a um número 30 estilizado, muito fácil de se ver em tatuagens, o Om descreve um mantra. É a sílaba que os adeptos da ioga pronunciam ininterruptamente enquanto buscam o estado de meditação ideal.
Para os hindus, Om é uma expressão divina, uma vez que o som é o próprio Deus. Por isso, os fiéis vocalizam essa sílaba ao final de cada oração, da mesma forma que os cristãos pontuam as suas com um “amém”.
Mas ela também tem um significado mais concreto: “Avati Raksati”, que em sânscrito significa “aquilo que protege e abençoa”. Para os praticantes da ioga, entoar o Om traz paz, alivia a tensão, inspira bem-estar, auxilia na concentração e preserva a memória.
7. Roda Dharmica (Budismo)
O Hinduísmo possui diversos pontos de toque com outra doutrina oriental famosa: o Budismo. Isso se manifesta tanto na vocalização de mantras como na adoção da Roda Dharmica pelos devotos de Buda.
O símbolo, também conhecido como Roda da Lei, assemelha-se a um timão e representa o ciclo de morte e renascimento ao qual todos estamos sujeitos antes de finalmente alcançar o estado de iluminação (o Nirvana, tal como o entendem os budistas).
Ela também indica o princípio que rege todo o universo (Dharma). Para o Hinduísmo, está associada ao deus da conservação, Vixenu, de quem Buda teria sido o nono avatar (encarnação).
8. Yin-Yang (Taoismo)
Símbolo oriental mais popular que os últimos apresentados nesta lista, o Yin-Yang, aquele círculo separado por um S invertido, no qual um lado é preto e o outro branco, com dois círculos menores, porém de cores invertidas, é um ícone da cultura pop, mas também uma representação do Taoismo, a doutrina mística e filosófica chinesa.
Esse símbolo representa a dualidade do universo, a relação entre opostos: claridade e escuridão, sol e lua, masculino e feminino, negativo e positivo. O conceito foi cunhado pelo sábio I Ching e, em sua essência, é simples: a felicidade está no equilíbrio.
Como você viu, cada corrente filosófica, espiritual e religiosa existente possui seus códigos e signos. E cada um deles possui significados profundos, para além daquilo que foi apresentado aqui.
A ideia era só traçar um panorama, dar uma passeada pelos símbolos religiosos que povoam nosso dia a dia e que muitas vezes adotamos, seja sobre o corpo, seja na pele, com o objetivo de obter um bem-estar e uma proteção a mais (ou para ficarmos mais bonitas). O que, vamos combinar, nunca é demais.
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