Você já possui seu amuleto da sorte?

Você já possui seu amuleto da sorte?

Brasileiro é um povo curioso: decididamente religioso, com uma propensão cada vez maior ao culto evangélico, não dispensa uma mandinga. Ainda que o padre ou o pastor não recomendem, não consegue viver sem seu amuleto da sorte.

Trata-se, no contexto de nossa nação, do resultado do encontro de crenças diversas — dos orixás negros aos espíritos da floresta dos índios — com o catolicismo do colonizador europeu, que tratou de catequizar o gentio sem, contudo, evitar que elementos de sua fé fossem escamoteados em meio ao panteão dos santos católicos.

Some-se a isso a influência de tradições tão ou mais antigas que a de Cristo e temos um colorido mosaico de crendices e superstições, manias, temores e cacoetes que persistem mesmo nestes tempos de tecnologia de ponta, internet e informação em tempo real (ou seria justamente por causa disso? A web, como sabemos, adora propagar as teorias mais exóticas).

É como diz o espanhol: “Não creio em bruxas, mas que elas existem, elas existem”.

E o resultado de tudo isso? Muito simples: hábitos do tempo de nossos avós permanecem bem vivos, como acreditar que um objeto possa trazer boas vibrações, afastar o mal (seja lá o que isso possa significar) e até mesmo mudar a sorte. E isso inclui tanto ícones definitivamente pagãos como representações religiosas.

E você, acredita nisso? Pelo sim, pelo não, que tal viajar conosco na história e no conceito de amuleto da sorte? Ao final, quem sabe você se convença de que está na hora de adotar algum…. Combinado? Então, vamos em frente!

O que é um amuleto da sorte?

Ainda que a fé institucionalizada torça o nariz para os amuletos da sorte (desde que não oficiais, podemos acrescentar), é fato que eles existem desde sempre. É provável que não haja um só povo que tenha pisado a face da Terra que não tenha adotado algum objeto de adoração.

Qual a razão disso? Podemos especular que o homem ancestral, desde o princípio acossado por forças às quais não compreendia e, por conseguinte, temia (a escuridão, a tempestade, o trovão), se viu sem alternativa senão depositar as esperanças em um objeto qualquer.

Um pedaço de osso, uma pedra, o fogo. Na medida em que desenvolveu suas habilidades artísticas, ele passou a elaborar um pouco melhor o conceito, confeccionando para si objetos que pudessem representar um tributo aos deuses, de maneira a obter deles favores e proteção.

Esse tipo de conforto era especialmente importante em momentos críticos, como quando era necessário pegar em armas e enfrentar inimigos furiosos em alguma guerra medonha. Caso o infeliz atravessasse uma experiência assim relativamente ileso, sua crença no tal objeto (e em seus deuses) tendia a aumentar — e inspirar.

E essa relação divindade-objeto-homem jamais nos abandonou. Mesmo com a consolidação do Catolicismo (até porque este foi cúmplice, digamos assim). E floresceu no coração do povo simples, esquecido de Deus, nos rincões desse Brasilzão afora — onde, sabemos, campeiam lobisomens, sacis e (claro) bruxas.

Quais os tipos de amuletos que existem?

Tantos quanto existem estrelas no céu, poderia nos responder o filósofo. De fato, cada povo ao longo da História adotou uma infinidade deles. Na verdade, o amuleto da sorte pode tanto ser um objeto de uso comum (um patuá, por exemplo), como algo personalizado.

De um momento para o outro, o sujeito se apega a alguma coisa que tem junto de si (uma moeda, uma fotografia, uma peça de roupa — técnicos de futebol são especialmente suscetíveis a “camisas da sorte”) e começa a acreditar que o objeto é o motivo de uma onda de boa sorte. E aí se estabelece a relação psicológica que dá “poder” ao amuleto: a pessoa coloca tanta fé no ícone que ele parece, de fato, funcionar.

Porém, certos amuletos são realmente populares. Alguns, antiquíssimos, superaram séculos para serem redescobertos em tempos atuais (muitas vezes, por “culpa” da moda). Para facilitar o entendimento, vamos relacioná-los segundo três grandes categorias:

Símbolos

Nem sempre relacionados a uma imagem em si, mas a uma ideia, os amuletos em forma de símbolos estão entre os mais populares. São, como se pode suspeitar, representações um tanto abstratas (ou não) de certas ideias.

Outros, assumem uma forma concreta, como é o caso do trevo-de-quatro-folhas, plantinha difícil de encontrar (por isso mesmo os celtas acreditavam que esbarrar com uma só podia dar boa sorte), embora pilantras de rua as vendam aos montes (provavelmente um trevo — três folhas — com um “enxerto” para enganar os incautos).

Mais afeitos a uma forma ideográfica temos, entre outros, a figa, a Hamsá (também conhecida como Mão de Fátima), o olho grego (que você pode conhecer melhor aqui) e o número 8 (o místico símbolo do infinito).

Animais

Um dos primeiros objetos do interesse artístico do homem (que o digam as pinturas rupestres em cavernas), os animais não poderiam deixar de entrar para a História como representações do divino.

Cultos animistas existem desde a aurora dos tempos. Desde as grandes estátuas hindus de deidades meio humanas aos totens dos nativos do continente americano.

Normal, portanto, que tenham se tornado amuletos da sorte. O mais tradicional, em nossa cultura, é o pé de coelho, mas também importamos o elefante (representação da divindade hindu Ganesha), o porco (símbolo de prosperidade e riqueza entre os alemães) e o gato (o simpático maneki-neko, bichano japonês que adora abanar a patinha direita, é bastante querido por aqui).

Religiosos

Quando Moisés desceu o Monte Sinai e deu um pito em seu povo por ter se apegado a um bezerro de ouro, passou o seguinte recibo: deposite sua fé no Altíssimo, não em um objeto qualquer.

Mesmo assim, a própria Igreja tratou de contornar a proibição, notabilizando-se por comercializar supostas relíquias, como lascas da Santa Cruz, ossos dos dedos de santos, fios da trama do Sudário, entre outros caça-níqueis mais ou menos suspeitos.

Atualmente, é esse comércio que, em boa medida, garante a manutenção de pequenos templos e grandes locais de peregrinação, como a Basílica de Aparecida. Tanto que, hoje em dia, nada é mais comum do que vermos pessoas usando amuletos na forma do Espírito Santo (normalmente representado pela pomba branca), pingentes de Nossa Senhora Aparecida, crucifixos e escapulários.

Está tudo liberado? Podemos dizer que sim. Salvo se você tem restrições seríssimas com essa prática (em razão de profundas convicções religiosas ou pessoais), não há mal algum em exibir ou cultivar um amuleto da sorte. O único risco que você corre é o de ter uma sorte danada (e isso todas precisamos de vez em quando, não é verdade?).

Além do mais, um amuleto da sorte pode ser um objeto muito fashion! Se duvida, dê só uma olhadinha na seção de semijoias místicas e religiosas da Linda Bela. Aqui você encontra a peça perfeita para compor o look, levar no dia a dia e atrair ainda mais vibrações positivas!